Endocardite infecciosa é uma
doença que pode ser causada além das bactérias, por fungos e vírus. Esta é
uma doença na qual microrganismos se proliferam no endocárdio (membrana interna
que reveste o coração), danificando as válvulas
cardíacas.
Embora com uma incidência baixa,
é uma doença séria com um prognóstico ruim, apesar da terapia moderna.
Na forma aguda, microrganismos
invadem o tecido cardíaco normal, produzindo embolia séptica causando
infecções de evolução rápida e geralmente fatal.
Na forma subaguda, o resultado é
a formação de colônias nas válvulas do coração ou endocárdio lesados por
microrganismos, exemplo clássico é a cardite reumática consequente da febre
reumática.
A população mais suscetível
consiste em pessoas acima dos 50 anos decorrentes do aumento das doenças
cardiovasculares arterioscleróticas e cirurgias a céu aberto em indivíduos mais
velhos.
Algumas
cardiopatias aumentam a susceptibilidade do tecido cardíaco a infecções
bacterianas. De acordo com pesquisas realizadas pelo INCOR, 45 % das doenças
cardíacas tem origem na cavidade bucal.
Disseminação de um foco infeccioso
dentário para os tecidos e órgãos do corpo
A
endocardite é uma das poucas complicações potencialmente letais do tratamento
dental e, embora incomum, tem sido relatado um nível de mortalidade de 20%.
O ato de escovar os dentes ou mesmo
mastigar um chiclete pode ser suficiente para provocar bacteremia (disseminação
de bactérias na corrente sanguínea).
Condições ou patologias consideradas de alto risco para o
desenvolvimento de endocardite infecciosa em determinados tratamentos
odontológicos
-
Doença cardíaca congênita;
- Cardite reumática ou outra doença valvular cardíaca adquirida; - Estenose subaórtica hipertrófica idiopática; - Uma história de cirurgia reparadora ou prótese vascular; - História de doença cardíaca luética; - Estenose aórtica calcificada; - Ânulo mitral com regurgitação ou insuficiência mitral; - Pacientes com marca passos; - Viciados em drogas injetáveis. |
Como medida preventiva contra a endocardite
infecciosa devemos reduzir as bactérias da cavidade bucal a fim de minimizar a
inflamação dos tecidos moles e bacteremia. Estudos indicam que a bacteremia
ocorre com mais frequência em pacientes com doença periodontal (doença nas
gengivas) do que naqueles sem a doença.
Medidas preventivas devem consistir de:
- Definir pacientes de risco; - Introdução de higiene bucal; - Esquema de rotina de antibioticoterapia deve ser utilizado com todos pacientes suscetíveis (A dosagem e o tipo específico de antibiótico devem ser realizados previamente pelo profissional). |
Visando a prevenção
da endocardite infecciosa, as primeiras recomendações em pacientes
cardiopatas, quando tratamentos orais invasivos forem indicados é a
prescrição de antibioticoprofilaxia. Embora os exatos mecanismos pelos quais os
antibióticos previnem a endocardite infecciosa não sejam conhecidos, presume-se
que eles exerçam sua função em diferentes estágios do desenvolvimento da
infecção.
Não cabe ao
cirurgião-dentista diagnosticar e muito menos tratar as alterações
cardiovasculares, no entanto, ele deve saber conduzir a anamnese de pacientes
portadores de doenças cardiovasculares, bem como atuar em conjunto com o
cardiologista e, desta forma, prevenir o desenvolvimento da endocardite.
Alguns procedimentos que requerem/dispensam
profilaxia antibiótica contra a endocardite infecciosa
PROFILAXIA
RECOMENDADA
|
PROFILAXIA
NÃO RECOMENDADA
|
Extração
dental e outras cirurgias
|
Anestesia
local
|
Periodontia
(sondagem,
raspagem, alisamento, cirurgias periodontais)
|
Restaurações
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Implante
dental
|
Retirada
de pontos pós-cirúrgicos
|
Canal
(Instrumentação endodôntica)
|
Moldagem
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Colocação
de bandas ortodônticas
|
Colocação
de próteses removíveis
|
Anestesia
intraligamentar
|
Aplicação
de flúor
|
Profilaxia
(quando
há sangramento gengival)
|
Raios-X
|
Dajani et al 1997
(adaptado)
Por: Edgley Porto
Email: edgleys.porto@hotmail.com
Artigos sugeridos para
leitura:
- VERONESE E.L et al.
Profilaxia e ocorrência de endocardite bacteriana por procedimentos
odontológicos – Uma revisão da literatura. Fol, v.11, n.2, 1999.
- BRACO, F.P et al.
Profilaxia da endocardite bacteriana na clínica odontológica – o que mudou nos
últimos anos? R. Periodontia, v. 17, n. 3, 2007.
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