Cefaleia, ou “dor de cabeça” como popularmente é
conhecida, constitui problema frequente na população em geral, sendo uma das
causas mais comuns de busca de atendimento médico. Estima-se que cerca de 90%
da população mundial já apresentou ou irá apresentar um episódio de cefaleia ao
longo da vida.
A cefaleia pode ocorrer isoladamente como manifestação de
um complexo sintomático agudo, como a enxaqueca (cefaleias primárias), ou pode
fazer parte de uma doença em desenvolvimento, como infecções, neoplasia
cerebral ou sangramentos intracranianos (cefaleias secundárias).
Entretanto, muitos casos de cefaleia estão relacionados a
problemas na articulação têmporo-mandibular (ATM). A ATM é a articulação do
nosso corpo responsável por todos os movimentos da mandíbula. Essa articulação
é formada por diversas estruturas como tecidos ósseos, disco articular,
músculos, ligamentos, cápsula articular, entre outras estruturas, apresentando
um denso suprimento sanguíneo e nervoso. Além disso, é uma articulação
bilateral (existe uma em cada lado - em frente de cada orelha) que funciona
como uma unidade única, ou seja, a articulação direita não pode mover-se
independentemente da esquerda, e vice-versa.
As doenças desta
articulação e dos músculos que fazem esses movimentos mandibulares são chamadas
de disfunções temporomandibulares (DTM). A DTM é uma doença que causa
sofrimento a milhões de pessoas ao redor do mundo, diminuindo a qualidade de
vida e restringindo o convívio social. As cefaleias são um dos sintomas mais
comuns da DTM e muitos pacientes apresentam este sintoma e não sabem que possa
ser causado pela DTM, portanto, embora atinja milhões de pessoas no mundo
inteiro, a DTM é uma doença pouco conhecida.
A DTM pode ser definida como uma alteração
funcional das estruturas do sistema mastigatório (mandíbula, dentes, músculos e
articulações). Dor articular (ATM), muscular e ligamentar na palpação para
estas estruturas, ou na execução de movimentos mandibulares (como abrir e
fechar a boca, bocejar, etc.) são sintomas comuns. A presença de sons nas
articulações temporomandibulares (tipo “estalos” ou ruídos), e limitações e/ou
falta de coordenação dos movimentos mandibulares são sinais comuns. Estas
condições frequentemente podem cursar com cefaleia, dor de ouvido, e dor
facial. São também achados comuns neste pacientes com DTM, dor e sensibilidade
nos músculos do pescoço e ombros. Outros sintomas,
que com frequência acompanham a DTM incluem distúrbios psicológicos (ansiedade
e depressão) e má qualidade do sono, o stress do dia-a-dia, tabagismo (hábito
de fumar) e o etilismo (consumo de bebida alcoólica) potencializam o problema.
·
Dores de cabeça
(frequentemente parecidas com enxaquecas);
·
Dor de ouvido ou
ao redor;
·
Dor e pressão
atrás dos olhos;
·
Um “clique” ou
sensação de desencaixe ao abrir ou fechar a boca;
·
Dor ao bocejar,
ao abrir muito a boca ou ao mastigar;
·
Mandíbulas que
“ficam presas”, travam ou saem do lugar;
·
Fadiga (cansaço)
nos músculos da mastigação, principalmente ao acordar ou no fim do dia;
·
Uma brusca
mudança no modo em que os dentes superiores e inferiores se encaixam;
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Hábitos nocivos como: apoiar a mão sobre a mandíbula,
mascar chiclete, morder o lábio, morder/roer unhas, morder objetos e
principalmente o hábito de ranger os dentes (bruxismo) estão diretamente
relacionados ao surgimento da DTM e muitas vezes o paciente não sabe se tem ou
não esses hábitos, o que pode elevar ainda mais a incidência da DTM na
população.
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Segundo estudos
recentes, a incidência mundial de DTM é de 3% da população ao ano. Apesar de
ser uma incidência baixa, a duração da doença é longa, fazendo com que haja um
grande número de pacientes.
Uma questão
intrigante é que as mulheres em idade fértil são as mais acometidas pela
doença, cerca de nove mulheres para cada homem. Embora haja um predomínio na de
DTM na faixa etária de 21 a 40 anos, atualmente, tem sido observado um aumento
dos casos dessa doença em adolescentes e crianças.
Em um estudo
clínico realizado por este autor com os pacientes atendidos no ambulatório do Serviço
de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Regional Felipe Tiago Gomes de Picuí-PB, no ano de 2012.
Dos 200 pacientes diagnosticados com DTM, a maioria era composta por mulheres,
em idade fértil (17 a 45 anos), sendo que o principal sintoma que as levavam a
procurar o Serviço foi a cefaleia.
O paciente com DTM
geralmente é um doente crônico que demora anos para buscar tratamento. Como os
sintomas são muito subjetivos e podem estar ligados a outros problemas médicos
(depressão, problemas otológicos ou reumatológicos), o dentista especialista em
dor orofacial ou um cirurgião buco-maxilo-facial, muitas vezes, são os últimos
profissionais da saúde a serem procurados.
A etiologia da DTM
apresenta um caráter multifatorial, estando associada à hiperatividade
muscular, trauma, estresse emocional, maloclusão (encaixe inadequado dos
dentes), além de inúmeros outros fatores predisponentes, precipitantes ou
perpetuantes dessa condição. Uma associação de fatores (maloclusão,
bruxismo, um desenvolvimento anormal das ATM, um trauma forte – acidente
e tombos no qual houve pancada no queixo ou na face, estresse, etc.) pode
causar ou manter uma DTM. Em virtude da complexidade etiológica e da variedade
dos sinais e sintomas que podem, genericamente, também representar outras
patologias, o reconhecimento e a diferenciação das DTMs podem apresentar-se de
forma não muito clara ao profissional, tornando o diagnóstico muitas vezes
difícil de se estabelecer.
O diagnóstico é
feito em cima de uma entrevista minuciosa da queixa e dos sintomas do
paciente. Também um exame clínico detalhado da cabeça, pescoço até a coluna
cervical, com a palpação dos músculos, e das
articulações, buscando pontos-gatilho de dor, ausculta da
articulação têmporo mandibular, exame dos movimentos mandibulares, etc. Já os
exames complementares vão desde exames radiográficos, tomografia
computadorizada, ressonância magnética até exames de sangue e urina, testes
neurológicos, porém nenhum destes é tão confiável quanto a um exame clínico
preciso.
Você
tem DTM? Faça seu auto teste:
1. Você sente dificuldade ou cansaço na boca ao
se alimentar?
2. Você tem sons (tipo estalido) próximo aos ouvidos ao abrir ou fechar a boca? 3. Você tem dificuldade para abrir a boca? 4. Ao abrir a sua boca ela desvia para algum dos lados? 5. Você tem dor de cabeça constante? 6. Você range ou aperta os dentes? 7. Você sente dificuldade para abrir a sua boca ao acordar? 8. Você acorda com dor de cabeça e cansaço? 9. Você já travou a sua boca (aberta ou fechada)? 10. Você tem estes sintomas acima acompanhados de zumbido? |
Em relação ao tratamento, várias são as propostas
terapêuticas reversíveis e irreversíveis que têm sido usadas para reduzir a dor
e a disfunção associadas com a DTM.
As alternativas de tratamento sempre devem ser baseadas em evidências científicas e tratamentos conservadores e pouco invasivos são sempre a primeira escolha. Os tratamentos englobam a utilização de aparelhos bucais (placas miorrelaxantes), medicamentos (como analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides e relaxantes musculares) termoterapia (compressas), fisioterapia, laserterapia e, procedimentos cirúrgicos como artrocentese, artroscopia e cirurgias abertas da ATM. A educação e a conscientização do paciente acerca de seu problema são extremamente importante, assim técnicas comportamental-cognitivas funcionam como um adjuvante no tratamento. O importante, diante de pacientes que apresentam DTM, é chegar a um correto diagnóstico, que irá nortear a melhor forma de tratamento a ser adotada. A atuação em uma equipe multidisciplinar envolvendo especialistas em DTM e Dor Orofacial, neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos muitas vezes é necessária.
As alternativas de tratamento sempre devem ser baseadas em evidências científicas e tratamentos conservadores e pouco invasivos são sempre a primeira escolha. Os tratamentos englobam a utilização de aparelhos bucais (placas miorrelaxantes), medicamentos (como analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides e relaxantes musculares) termoterapia (compressas), fisioterapia, laserterapia e, procedimentos cirúrgicos como artrocentese, artroscopia e cirurgias abertas da ATM. A educação e a conscientização do paciente acerca de seu problema são extremamente importante, assim técnicas comportamental-cognitivas funcionam como um adjuvante no tratamento. O importante, diante de pacientes que apresentam DTM, é chegar a um correto diagnóstico, que irá nortear a melhor forma de tratamento a ser adotada. A atuação em uma equipe multidisciplinar envolvendo especialistas em DTM e Dor Orofacial, neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos muitas vezes é necessária.
Por: Edgley Porto
Email: edgleys.porto@hotmail.com
Especialista em Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial. Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial
Atua nas áreas de Cirurgia e Trauma,
Dor Orofacial e Disfunção Têmporo-Mandibular, Diagnóstico e Patologia Bucal,
Implantes Dentais e Laser.
Telefone: 8807-8508
Fanpage:http://www.facebook.com/pages/Dr-Edgleys-Porto-Cirurgia-e-Traumatologia-Buco-Maxilo-Facial/342241135868911
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